quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Retalhos.

Eu pensava todos os dias, o dia todo. Todas as horas, e, por isso minha cabeça ficava cansada.
Sempre achei que ter a cabeça no lugar, alinhar os pensamentos, muito exaustivo, me dava muito trabalho. Principalmente quando tentava colocar-lhes num pedaço de papel.
Pensava em costura-los como crochê, ou como uma colcha de retalhos, mas nunca conseguia me cobrir com eles.

Foi quando num dia, comum, quente, alguém entrou pela minha janela e puxou um fio da minha colcha e a desfez toda.
E então tive um tempo de pausa, de esquecer toda essa preocupação, esses pensamentos desalinhados, e coloquei tudo em ordem sem querer.
Como se uma felicidade infinita tivesse invadido a minha vida, e, eu não queria deixa-la partir, nunca. Guardei minhas linhas, minhas agulhas, esqueci esse tempo e pensei que nunca mais teria que costurar.
E sem querer mais uma vez, está tudo confuso, tudo em desordem. E então abri meu baú e voltei a coser.
Voltei a coser o vazio, os dias em que o telefone não toca, que o carteiro não vem mais me procurar. Os dias que caminho pela casa silenciosa.
Cadê aquela alegria toda dos domingos, dos feriados prolongados, aquele sorriso de quinta feira a noite é o que mais sinto falta.
O amor ainda não acabou, ele sabe. Mas preciso dizer que dói, ele também sabe. É que esse amor me veio com uma furia tão grande, tão imensa, tão pura, que o que eu mais espero é que volte aquele tempo em que ríamos sem motivos, e agora de repente, paramos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário